Ranking Anos 2000: do 100º ao 21º
27 segunda-feira maio 2013
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14 segunda-feira maio 2012
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inHouve um tempo em que o cinema não tinha som. Foi um tempo de descoberta de possibilidades. Nesse período de mais de 30 anos, os homens que faziam cinema testaram, experimentaram, inventaram, criaram. Desenvolveram as bases, as regras, os preceitos de tudo o que conhecemos hoje. No final desse intervalo de três décadas, o cinema era escrito com letras maiúsculas. As tentativas, experimentações, invenções e criações já não tinham mais um caráter de teste. O cinema havia nascido como uma criança disposta a brincar com todas as possibilidades e já era um adulto que incorporou tudo pelo que passou ao que era. E o cinema nessa época era um gênio, um mestre, um fabuloso contador de histórias que desenvolveu uma linguagem única.
A Liga dos Blogues Cinematográficos celebra essa primeira etapa do cinema com o ranking com os melhores filmes do anos 20.
“Outubro relata um episódio fundamental da revolução russa: o assédio e a rendição do Palácio de Inverno e a chegada de Lenin. A teoria de Eisenstein da montagem de atrações chega, com este filme, a seu mais alto grau de expressão. Oktiabr é uma síntese dos “dez dias que comoveram o mundo”, com a chegada de Kerensky, a entrada de Lenin, o desfalecimento dos exércitos, a luta entre bolcheviques e mancheviques, e, por fim, a tomada do Palácio. Promovido pelo comitê central do Partido Comunista, para comemorar o décimo aniversário da revolução soviética, Outubro tem uma produção conturbada. A complexidade do assunto, com todas as suas implicações políticas e acontecimentos revolucionários, assim como a supressão de 1500 metros de película com o objetivo de eliminar a figura de Trotsky, já postergado por Stalin, comprometeu gravemente a unidade do filme. Apesar de tudo, o que resultou é uma obra-prima, com um propósito documental plenamente logrado que se mescla com a montagem de atrações para criar conceitos abstratos segundo preconizavam as teorias eisensteinianas. Sequências antológicas: o ataque da multidão à ponte, que se abre e deixa uma mulher e um cavalo mortos; a espera dos revolucionários na noite decisiva; o assalto ao Palácio de Inverno defendido pelas amazonas de Kerensky; a intervenção na temporalidade enquanto este sobe os degraus do palácio, mas retornando sempre ao mesmo ponto, enquanto as legendas citam suas atribuições ditatoriais e é confrontado com divindades africanas, budistas, barrocas, cristãs etc. Aula de cinema. Invenção e originalidade. Talento. Cinema e ao mesmo tempo a explicação do próprio cinema” [André Setaro].
“A vida na fronteira, limite da civilização, nunca é vendida como fácil para o espectador. Pelo contrário, se Victor Sjöstrom encara de alguma forma seu filme como exercício mitificador é na sua admiração por aquela personagem. Admiração sentida na forma que o filme ao mostrá-los afirma: “estas pessoas viviam mesmo assim”. Tudo em O Vento simplesmente é, inclusive a protagonista. Sjöstrom a admira, ela sofre, tudo é visto do ponto de vista dela, mas a excelente atuação de Liliam Gish nunca pede por simpatia. Vento e Areia é um filme para se ver sem música, porque não importa quão bem escolhida seja a trilha ela se coloca entre o espectador e a imagem. Porque haverá o momento onde na sala escura e silenciosa poderá se ouvir o vento. Seu barulho brotará naturalmente das imagens da tela. Victor Sjöstrom sucede: o vento está lá captado. O cinema torna o invisível material” [Filipe Furtado para a Contracampo].
“Napoleão, de Abel Gance é um dos grandes filmes da história do cinema. Em seus 222 minutos (em sua versão mais conhecida) é um exemplo de como ser reverente a uma lenda, sem no entanto perder o foco na criação de uma obra cinematográfica (no melhor sentido que a palavra pode ter). Inovador em sua forma de apresentar a narrativa, Gance – um dos grandes criadores do cinema – usava tudo para obter o melhor para o seu filme. Câmeras amarradas a cavalos? E a guilhotinas? Tudo isso, Napoleão apresenta e ainda mais, pois foi o primeiro filme a experimentar o formato widescreen. Quando seu diretor tentando criar mais impacto para sua cena final, usou três câmeras – muito próximas – para dar um efeito ainda mais épico para seu final, havia dado um gosto daquilo que todos os cineastas adotariam anos depois. Tal qual o personagem que o inspirou, Gance foi um visionário, e apenas um visionário poderia dar corpo ao homem tão intenso e importante quanto Napoleão Bonaparte” [Alexandre Landucci].
“O título em português de Greed, de Eric Von Stroheim, dá uma dramaticidade mais que adequada ao filme, tanto pelo que está presente quanto pelo que está ausente. Há nele as imagens mais que valiosas, de uma modernidade espantosa, que ficam retidas pelo espectador, como a dos personagens McTeague e Marcus no deserto, ao final do filme. Mas há também as imagens que não estão no filme, versão reduzida e remendada do que o diretor gostaria que sua obra fosse. Ou seja, há a também a obra-prima que seria maior do que já é. Entre evidências (a força do que vemos) e lendas (as especulações do que seria o filme), sobra a força de uma obra que se justifica como tal simplesmente pelo que podemos ver hoje, mesmo que isso seja uma parte imperfeita de um outro projeto. Naturalista como poucos filmes o são, Ouro e Maldição mostra ao mesmo tempo as possibilidades e os limites dessa forma de arte que é também indústria..” [Milton do Prado]
“O espírito cruza portas fechadas. Ele é transparente – vemos o corpo, vemos a porta, vemos que ele atravessa a porta e surge do outro lado, transparente. Igualmente transparente, a carroça passa por estradas enevoadas, chega perto das casas em que alguém acaba de morrer; desce o condutor, com um capuz cobrindo-lhe o rosto, e, na mão esquerda, a grande foice. É um filme sobre o sentido da vida, os valores morais básicos, a escolha que cada pessoa pode fazer entre o certo e o errado, o desvio, o erro, o pecado, o vício, a reincidência, a possibilidade de redenção, Deus, a outra vida. Alguém aí poderia achar que parece Ingmar Bergman? Bem, Victor Sjöström, afinal de contas, é sueco, é nórdico, e aquele povo é meio chegado a uma metafísica, uma teosofia. Sim: acho que dá para dizer sem grande medo de errar: Sjöström é assim uma espécie de proto-Bergman” [Sergio Vaz para o 50 Anos de Filmes].
“O que parece ser flagrante em Nanook não e seu lugar de ilusionismo discursivo ou de realidade transcrita, mas o modo como ele registra o momento em que o cinema descobre em seu aparato técnico a possibilidade de uma dramaturgia liberta dos padrões de captação, iluminação, interpretação e segurança dos palcos-estúdios – expandindo os domínios da narrativa dramática para alem do teatro encaixotado e das interpretações cultivadas em formol. Não se trata, portanto, de documentário ou ficção, mas do foco renovado em direção ao discurso fílmico em seus desdobramentos, em suas possibilidades de arquitetura e aproximação de temas” [Felipe Bragança para a Contracampo].
“A era final do cinema silencioso produziu algumas das análises mais poéticas sobre a vida nas metrópoles: De cabeça podemos mencionar City Girl, Chuva, Solidão… Mas nenhum é tão marcante e trágico quanto A Turba. As sequências externas em Nova York, muitas delas filmadas às escondidas, são impressionantes pelo tom realista. Alguns planos entraram para a história, seja aquele em que a câmera entra na janela de um arranha-céu para mostrar o protagonista no meio de uma multidão, seja o do metrô abarrotado. O protagonista, John, um homem de muitas ambições e sonhos, não consegue escapar do destino de ser mais do mesmo. No plano final, ponto alto do filme, depois de tantas crises, ele, com esposa e filho, vai assistir a uma comédia no teatro para relaxar. A câmera se afasta, mostrando um público, no mesmo estado, escapando da realidade. Sua trajetória é a mesma de todos ali na platéia, seja a do teatro ou a do cinema. O sonho americano é uma grande comédia” [Mateus Nagime].
“No ano de 1928, considerado o mais brilhante do cinema mudo, Charles Chaplin comete um de seus filmes mais perfeitos, O Circo. Na época, ele já havia ganhado a fama de perfeccionista e podia se dar ao luxo de ficar dois anos filmando e editando o seu filme. Até a música ele tratou de compor, em seguida. Seu Carlitos aqui nunca foi tão engraçado, um palhaço sem rosto de palhaço que conquista mais a audiência do que os próprios palhaços do circo. E pode parecer falta de modéstia, mas ele tinha consciência desse seu dom. Além de ser genial na construção dos personagens, das cenas, da montagem, de ideias que funcionam que é uma maravilha em suas comédias, Chaplin tem um coração e seus filmes têm um tom agridoce que contamina a audiência. O vagabundo de bom coração que influenciaria uma série de outros personagens da comédia ao redor do mundo aparece aqui no auge de sua forma, no que se refere à graça. Vê-lo correndo de um jumento, por exemplo, continua sendo motivo para boas gargalhadas até hoje. E por todos os públicos, mesmo aqueles que dizem não gostar de cinema mudo. Até nisso Chaplin conseguiu o que os outros não conseguiram: ser ao mesmo tempo popular e cultuado pelos intelectuais ao longo dos anos” [Ailton Monteiro].
“Pabst e Louise Brooks realmente abriram a caixa de Pandora, e deixaram sair dela tudo o que muitos não queriam ver: Uma sexualidade desavergonhada e bem resolvida, nos loucos anos 20 tão bem retratados em um filme que já simbolicamente anunciava uma Alemanha indefesa à alucinação coletiva do Terceiro Reich, poucos anos depois. Louise Brooks é uma femme-fatale, mas singular, que causa sim a destruição de todos e, em última medida, de si própria. Mas é uma derrocada fascinante e inevitável, porque Lulu nos conduz dançando e sorrindo, sem más-intenções, seduzindo homens e mulheres e tentando levar uma vida de prazeres sem fim, sem se preocupar em como vai pagar a conta de um banquete tão farto. O responsável por pagar a conta é sempre o próximo, e ela vai se tornando mais e mais pesada… Mesmo assim, convenhamos, só mesmo um psicopata se recusaria a pagar uma conta de Lulu” [Marcelo Rennó].
“”Mais contido (mas tão ou mais belo) que outros filmes do Expressionismo alemão, em A Última Gargalhada, Murnau tenta abdicar dos subtítulos-muleta dos clássicos mudos para contar a história apenas com imagens. A atuação de Emil Jannings já garantiria uma boa sessão, falaria por si só. Mas o diretor ainda caracteriza o desespero de seu personagem muito bem e constrói um inocente cercado por um mundo cruel. O porteiro de hotel, substituído pela idade avançada e rebaixado a assistente de lavatório, entra em uma fantasia quase infantil para manter sua postura no seu espaço cotidiano. Essa necessidade e a forma como Murnau consegue nos fazer crer em como tal atitude é plausível no mundo em que vivemos cria uma película tristíssima. Reza a lenda que a sequencia final – que interrompe essa melancolia – não deveria existir, foi imposta pelos produtores. É realmente inferior a todo o restante da projeção, mas pouco importa, Murnau já nos convenceu. Difícil não lembrar o filme sem o gosto amargo” [Rafael Canoba]
“O Gabinete do Dr. Caligari, de Robert Weine, representa uma transição ousada da pintura expressionista para a película, à medida em que dialoga em seus cenários vertiginosos e fotografia sombria com o processo criativo das artes plásticas para relatar os devaneios de um jovem sobre um certo Dr. Caligari e seu circo de horrores. É um filme complexo visual e narrativamente, sobretudo para sua época. Em pleno 1920, Caligari utiliza uma estrutura de thriller, com uma história dentro da história, seguido por uma elipse primorosa de roteiro. Esta estrutura sustenta uma obra que, a exemplo dos pintores expressionistas, traduz o sentimento germânico do pós-guerra, assombrado pela derrocada. Não há final feliz, resta somente loucura e pavor. Eis que o vilão (Cesare) é um sonâmbulo, capaz de prever o dia em que as pessoas morrerão. Dr. Caligari o apresenta como uma atração circense e reúne um multidão de curiosos. Não há retrato mais representativo para uma sociedade em frangalhos, desesperançada”. [Guilherme Lobão]
“O cinema não tinha nem meio século de existência e já sabia ser metalinguístico: Vertov, com esse documentário, versa sobre a relação dos nossos olhos com o cinema, com a montagem, os enquadramentos, apresentando um protagonista sem um objetivo maior além de registrar o mundo à sua volta. Se hoje parece até prosaico sermos homens e mulheres com não somente uma, mas várias câmeras, assistir esse clássico de Vertov atualmente nos lembra de uma época em que tudo isso era novidade, levando ao extremo os pressupostos da montagem soviética para epicizar e, ao mesmo tempo, nos envolver com nosso próprio ato de olhar. Neste videoclipe avant-guarde, a câmera ganha vida em stop motion e não se limita a registrar a vida de maneira distanciada como os Lumiére, mas passa a fazer parte da cidade, do homem, da vida” [Márcio Andrade].
“Um filme com um sorriso, e talvez uma lágrima… (A picture with a smile, and perhaps a tear…). Dessa forma Charles Chaplin nos introduz à história. E realmente são sorrisos e lágrimas, causados pela candura e fibra do mais adorável dos vagabundos reinventando-se pela criança abandonada que ele encontrara na rua. Do humor à comoção, dos panos cortados como fralda e a chaleira adaptada como mamadeira até a emocionante cena da retirada do garoto dos braços do vagabundo/pai/companheiro, estamos diante da inocência de uma história onde o amor prevalece, seja o de uma mãe angustiada e arrependida, ao de um homem que mesmo sob dificuldades acolheu de maneira tão devota a uma pobre criança desamparada e indefesa. Da crítica social ao drama familiar, do humor ao romance, Chaplin traduz as emoções que permeam nossas vidas, entre dificuldades e alegrias” [Michel Simões].
“Do começo ao fim, o filme tem um ritmo frenético, acelerado, desembestado, de uma Maria-fumaça a todo vapor, e comprova aquela tese, nem sempre óbvia, de que a ação, na arte da imagem em movimento, tem um funcionamento especial, inviável em qualquer outra modalidade de arte.
O melhor é que essa ação não está dissociada da psicologia. As muitas gags que desenvolvem o enredo também servem para construir e consolidar o perfil do protagonista. Como um herói patético, mas também trágico, Johnny é vítima do acaso, que ora o condena, ora o protege”[João Batista de Brito para o Cronopios].
“Alto, esguio, esquálido, com orelhas, nariz e dentes pontiagudos, Murnau consegue representar com sucesso a figura do personagem macabro de Stoker. Na verdade, o horror se transfigura em Nosferatu. É a própria representação (e expressão imagética) do Mal e do estranhamento sugerido pela figura mítica do vampiro. O conteúdo do Mal se exprime com vigor na forma de apresentação do personagem. De fato, nunca o cinema de horror conseguiu expressar com tanta fidelidade a dimensão macabra da lenda do vampiro como em Nosferatu, de F.W. Murnau” [Giovanni Alves para o Tela Crítica].
“Um dos filmes mais influentes da história, O Encouraçado Potemkin foi financiado pelo Estado, com fins de propaganda, e se insere na corrente do realismo socialista. Retrata a revolução de 1905 na Rússia Czarista, especificamente o motim dos marinheiros que tomam o controle do navio Potemkin, rebelados ante a tirania de seus superiores. Carregado de ideologia, o longa é possuidor de diversos momentos emblemáticos da historiografia fílmica, entre os mais lembrados, a cena dos vermes que se imiscuem na comida dos marujos (símbolo da degradação social) e a famosa sequência da escadaria de Odessa, tão aludida por diversos cineastas. Em O Encouraçado Potemkin, seu diretor, o genial Sergei Eisenstein, apresenta a quintessência de sua arte” [Marcelo Müller].
“Mesmo quem não gosta de Metrópolis tem este filme presente em seu inconsciente. Nem que seja pelas inúmeras referências em tantos aspectos da cultura pop, e que tantos nem sabem que são oriundas, na verdade, do filmão do Fritz. Só por ser atual e relevante depois de 85 anos este filme já se revela muito mais do que um filme. E como muitos da era silenciosa, Metrópolis já ganhou inúmeras restaurações, versões, reedições, cores e até um pastiche pop nas mãos de Giorgio Moroder. E manteve a sua integridade, a sua ousadia, a sua grandiosidade e a sua inocente utopia em meio a uma sociedade essencialmente distópica. Pelas releituras, pelo universo de possibilidades cinematográficas que abriu, por avançar gêneros adentro e por estabelecer a ficção científica como cinema possível, criativo e ousado, Metrópolis é parte do que me fez/faz cinéfilo” [William Wilson].
“Um dos melhores de todos os filmes. O roteiro do diretor, Carl Dreyer, baseou-se nas minutas do processo e o depoimento dá a impressão de ser prestado pela primeira vez. Enquanto se seguem os cinco hediondos interrogatórios, Dreyer dirige a câmera para os rostos de Joana e dos juízes e revela em planos gigantes a sua interpretação da emoção deles. Nessa ampliação, Joana e seus acusadores tornam-se surpreendentemente de carne e osso – isolados com seu suor, verrugas, saliva e lágrimas e (como nenhum foi maquiado) contornos, feições e pele individuais impressionantes. A Joana de Falconetti talvez seja a interpretação mais perfeita já registrada no cinema” [Pauline Kael em 1001 Noites no Cinema]
“Chaplin tinha um dom impressionante: a de mostrar as coisas mais tristes em seus filmes e ainda fazer o público gargalhar com elas, tamanha era a leveza dos desenlaces de seus personagens. A graça nunca era gratuita, vinha sempre de uma ingenuidade e de um destrambelho do protagonista. Em Em Busca do Ouro, talvez seu melhor filme, o usual vagabundo Carlitos vai para o norte dos EUA buscando ficar rico na corrida do ouro. Nessa jornada, passa fome, frio, é rejeitado, zombado, perseguido. E é aproveitando de temas tão pesados como esses que Chaplin cria sua poética. Da fome, surge o jantar de ação de graças com uma bota velha e usada; da rejeição, a linda dança dos pãezinhos. Pouco importa a história, na verdade: o que conta é a incrível capacidade de seu diretor-ator em transformar banalidades e dramalhões em sorrisos. E ainda tem a música…” [Gabriel Carneiro]
“Uma das coisas mais lindas do cinema é assistir a um filme e, no final, pensar: eu vi uma obra-prima. A primeira vez em que eu pus os olhos em Aurora, de F.W. Murnau, foi exatamente isso o que aconteceu. Na segunda vez, com um currículo maior de filmes, achei outra coisa. Além de obra-prima, o longa de Murnau era meu filme favorito. Uma história de amor simples e ao mesmo tempo grandiosa, filmada ora com toda a delicadeza que Janet Gaynor merece, ora com um arsenal impressionante de experimentos visuais que exaltavam o que havia de melhor no cinema do fim dos anos 20, um cinema de chegava a seu ápice de beleza, de domínio técnico, de invenção, de criação. Aí eu vi Aurora pela terceira vez. No cinema. E pensei: acabei de ter a mais linda sessão de cinema de todas” [Chico Fireman].
02 terça-feira jun 2009
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1 Luzes da Cidade
(City Lights)
Charles Chaplin, 1932
670 pontos
26 votos
4 poles
“Gênio da criatividade, Charles Chaplin também o foi na ousadia, ao teimar em fazer um filme mudo em pleno 1931 (quando todos nos EUA queriam distância do passado tão recente do cinema mudo), e também ao ignorar todos os preceitos do cinema industrial, ao parar a produção por meses, até lapidar a sua obra como queria, como se fosse um escultor cinematográfico. Com Luzes da Cidade Chaplin provou que não estava nada inclinado a renegar a si mesmo, lembrando ainda àqueles recém-mumificados diretores de teatro filmado (o cinema mesmo só voltaria a existir poucos anos depois) a força de uma imagem, que não precisava e nunca precisou de microfone para causar impacto. E sem diálogo nenhum criou (mais) um filme mágico, simples e contundente, com um dos finais mais belos da História do Cinema, uma prova em celulóide tão definitiva de que uma imagem vale mais que mil palavras, que até uma cega conseguiu ver” (Marcelo Rennó, Movieland).
2 M, o Vampiro de Dusseldorf
(M)
Fritz Lang, 1931
611 pontos
24 votos
3 poles
“Uma cidade em pânico. Um assassino à solta. M, o vampiro de Dusseldorf. Não era preciso muito mais do que isso para chamar minha atenção, no auge de minha adolescência. Fritz Lang, no entanto, fez mais, muito mais: um protagonista monstro, que só se deixa ver por suas silhuetas e clama por nossa compaixão; Peter Lorre, em uma das maiores atuações da história do cinema; a presença fantasmática do assassino anunciada por um assobio sinistro, porém doce; a cidade, que nada mais é do que um jogo entre o claro e o escuro que nivela a ordem burguesa e moral dos criminosos. Lorre me grita: “Eu não consigo me controlar!” M não é somente a letra inicial de Mörder (assassino), é também o sinal que todos nós trazemos (cada um a sua maneira) em nossas mãos, na junção de nossas linhas de vida. Eu, menino, imaginava um mundo dividido entre o bem e o mal. E lá veio Lang me dizer que todos nós estamos no mesmo saco, sujeitos à desgraça, às voltas com forças que não entendemos, nem controlamos” (Julio Bezerra).
3 Tempos Modernos
(Modern Times)
Charles Chaplin, 1936
567 pontos
23 votos
5 poles
“Poucos criadores tiveram a capacidade de Charles Chaplin de criar tantas imagens icônicas. A cena de Carlitos entre as engrenagens de um grande maquinário virou uma das grandes marcas de um dos maiores nomes do cinema, reconhecível até por quem nunca assistiu a Tempos Modernos, um de seus melhores filmes. Mas restrigir a importância do longa-metragem de 1936 a esse momento é reduzir uma das obras mais impactantes de Chaplin, atual mesmo depois de sete décadas. Numa de suas derradeiras produções sem o uso de um sistema de som, o adorável vagabundo representa um trabalhador de fábrica que tem um colapso nervoso pelo excesso de trabalho e é internado num sanatório. Na saída, ele é confundido com um comunista e se torna líder de uma marcha de operários em protesto. Obrigatório não apenas para quem ama o cinema, Tempos Modernos foi lançado na onda de pessimismo mundial com a “Grande Depressão” de 1929 – um tema importante de se resgatar em época de crise econômica. Carlitos, como sempre, consegue fazer rir mesmo quando faltam motivos” (Edson Burg, Pipoqueira).
4 No Tempo das Diligências
(Stagecoach)
John Ford, 1939
432 pontos
19 votos
sem poles
“No Tempo das Diligências‘ não é apenas um dos melhores faroestes de todos os tempos. Dirigido por John Ford e estrelado por John Wayne, o filme ajudou a resgatar o prestígio do gênero junto aos grandes estúdios, depois dos prejuízos com A Grande Jornada (1930) e Cimarron (1931). A história de uma carruagem que atravessa o deserto na iminência de ser atacada por um bando de índios ganha contornos mais dramáticos quando se analisa o perfil dos seus ocupantes: uma prostituta, um beberrão, um vendedor de uísques, um jogador de cartas, a esposa de um soldado, um banqueiro, um cocheiro, um xerife e um prisioneiro. Ao colocar juntas, dentro de um espaço diminuto, personagens tão social e moralmente distintas, o diretor transforma a diligência num micro-universo da alma humana, onde valores e aparências batem de frente e mostram-se tão explosivos quanto as batalhas que estão prestes a acontecer do lado de fora” (Demas).
5 O Mágico de Oz
(The Wizard of Oz)
Victor Fleming, 1939
416 pontos
19 votos
1 pole
“Era uma vez um lugar além do arco-íris, onde havia uma estrada com tijolos amarelos, no qual uma linda garotinha chamada Dorothy chegou, encantando aos seres mágicos do lugar. Ela fez novos amigos, ajudou um espantalho a encontrar a inteligência que tanto buscava, fez um homem de lata chorar e se emocionar, incitou um leão covarde a lutar e encher-se de coragem. Este mundo encantado que apesar de sua complicada construção nos bastidores, passando pelas mãos de quatro diretores, não chegou a comprometer o resultado brilhante no qual a obra resultou, graças aos talentos da equipe técnica e dos atores envolvidos no projeto. A encantadora Judy Garland (1922-1969) emocionou jovens e adultos com a bela canção “Over the Rainbow” premiada com o oscar. Um clássico absoluto onde a arte e a magia do cinema podem ser vistas e sentidas em toda a sua plenitude” (Wendell Borges).
6 A Regra do Jogo
(La Régle du Jeu)
Jean Renoir, 1939
414 pontos
15 votos
4 poles
“Reza a lenda que, quando de seu lançamento, os espectadores destruíram as poltronas da sala de cinema onde era exibido em Paris. O mundo estava à beira da Segunda Guerra Mundial e os franceses simplesmente não engoliram aquela história sobre um bando de ricaços decadentes, isolados em uma casa de campo e mais preocupados com seus joguinhos amorosos do que com qualquer outra coisa. Mas é claro que um cineasta genial como Jean Renoir não realizaria algo tão pueril. Nesse sentido, A Regra do Jogo pode ser entendido como uma espécie de elegia para um mundo que estava com seus dias contados. Visto hoje, impressiona pela sua fluência e atemporalidade” (André de Leones).
7 Scarface – A Vergonha de uma Nação
(Scarface – The Shame of a Nation)
Howard Hawks, 1932
404 pontos
19 votos
sem poles
“Se William Shakespeare tivesse vivido nos anos 1930, certamente teria escrito o roteiro de Scarface junto com Ben Hecht. Tony Camonte é o Ricardo III do submundo. Sua ambição de poder total e absoluto é tão forte que ultrapassa o caráter moral e se estende até a deformidade física. Camonte é ainda um Macbeth da sarjeta, corroído por um ciúme incontrolável e explosivo. Antes de Scarface, o cinema nunca tinha sido tão violento. Entretanto, mais impressionante que as 28 mortes que acontecem no filme é a violência interna destruidora e consequentemente autodestrutiva do personagem de Paul Muni. Nada resume melhor Tony Camonte que a publicidade da Cook’s Tours no meio de uma cena: The world is yours” (Ana Paul, Ana Paul’s Multiply Page).
8 …E o Vento Levou
(Gone with the Wind)
Victor Fleming, 1939
365 pontos
14 votos
4 poles
“Marco definitivo da Era de Ouro de Hollywood (mesmo que tenha sido fruto de um produtor independente, David O. Selznick) foi o marco inicial dos épicos, possuindo todas as características do gênero, em sua melhor forma. Possui cores estonteantes, uma trilha musical marcante, um ritmo impressionante que faz as quase quatro horas passarem voando, sets enormes, e um grande elenco. O que mais permanece com o espectador, porém, é a magnífica atuação de Vivien Leigh, defendendo com unhas e dentes sua personagem, uma heroína feminista por excelência – com toda polêmica que o termo pode causar -, tendo de perder a pose de dondoca e passar a passar por cima dos homens, da sociedade, dos amigos e da própria família para conseguir seus objetivos” (Mateus Nagime, Cinema, Mon Amour).
9 Limite
(Limite)
Mário Peixoto, 1931
338 pontos
15 votos
2 poles
“Embora já se tenha admitido o fim da ‘aura’ da obra de arte, com o surgimento da reprodutibilidade técnica das representações artísticas (a fotografia e, por conseguinte, o cinema), é difícil dissociar Limite dessa palavra mágica. Primeiro, porque o filme de Mário Peixoto nunca foi exibido comercialmente e, portanto, sempre se manteve como mito, como algo envolto em brumas e a ser desvendado. Num outro sentido, o caráter aurático de Limite vem de sua força imagética na representação, da síntese produzida pelo fio de narrativa, do campo extra-fílmico, com todas as histórias que cercam a sensibilidade de Mario Peixoto e da transformação do espaço real Mangaratiba em território mítico e cinematográfico. Limite é a pérola do cinema brasileiro: única, valiosa e vista por poucos. Por outro lado, nenhum texto que fale de Limite, tampouco este, traduz a experiência sensorial do mais belo filme da história do cinema brasileiro” (Eduardo Miranda).
10 O Atalante
(L’Atalante)
Jean Vigo, 1934
329 pontos
13 votos
1 pole
“O último filme de Jean Vigo é sobre o que de mais sagrado e belo pode acontecer com o ser humano: a união de um homem e uma mulher, o amor, o casamento. E também o convívio inicial, a lua-de-mel na barca dos amantes do navio L’Atalante, a amarga descoberta das diferenças de personalidade e oposição entre os sexos, os atritos, brigas e reconciliações. O que faz de O Atalante uma obra-prima é que Jean Vigo nunca é piegas ou sentimental com tema tão romântico, mas transcendental e anárquico como os surrealistas da geração imediatamente anterior a sua. O seu filme é um inventário de imagens poéticas como a caminhada da noiva em direção ao L’Atalante, ou a densa visão do nevoeiro no convés do barco sob uma iluminação fantasmagórica e noturna; mais adiante, o casal andando pelas ruas de Paris, e o fascínio que a Cidade-Luz exerce na mulher que se divide entre a vida comum com o marido na barca marítima ou a sedução de uma existência incerta na maravilhosa capital francesa. Também o mergulho do protagonista que vê na água do canal o rosto da esposa desaparecida. Ou os corpos dos dois amantes separados e se debatendo de um lado para o outro em suas respectivas camas, carregados com a mesma excitação e cheios de saudades do cônjuge. Feliz de quem se enxerga ou se reconhece em O Atalante” (Vlademir Lazo).
11 Aconteceu Naquela Noite
(It Happened One Night)
Frank Capra, 1934
282 pontos
14 votos
1 pole
“Dizem que, se começamos elogiando a fotografia de um filme, é porque as suas qualidades não vão muito além disso. O que dizer então de um elogio à iluminação de um filme? Bem… depende da iluminação. Aconteceu Naquela Noite, por exemplo, brilha com uma luz totalmente singular. Uma luz capaz de iluminar nossas vidas, de devolver o brilho das coisas, de resgatar sorrisos e romantismos e pieguices afins. Um dom característico do bom e velho Capra. Neste caso ancorado pelo talento canastrão de Gable em seu, talvez, melhor papel. E pela leveza interpretativa de Colbert. E, finalmente, pelo cérebro feito pedra de amolar de Robert Riskin, capaz de lapidar e de nos entregar diálogos afiadíssimos, cortantes e deliciosos. É… não se fazem mais filmes assim. E também pra quê? Basta revermos esta pequena e otimista obra-prima para deixarmos de lado os filmes que não são assim. Ou até mesmo os bastidores conturbados de filmes assim. O brilho de um Aconteceu Naquela Noite é bem maior do que estas pequenices. E vai durar para sempre” (William Wilson).
12 King Kong
(King Kong)
Merian C. Cooper e Ernest B. Shoedshack, 1933
282 pontos
13 votos
sem poles
“Muito se credita a Tubarão (1975), de Steven Spielberg, a primazia de manter o suspense à flor da pele antes de mostrar seu grande e selvagem monstro. Pois, quatro décadas antes, lá estavam Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack ‘escondendo’ sua atração principal até quase a metade de um breve filme de 100 minutos. King Kong foi pioneiro numa série de elementos, desde o uso magnífico dos efeitos visuais revolucionários à alegoria da besta gigante que se apaixona pela bela indefesa, num autêntico exemplar de terror B. É talvez um dos maiores romances já filmados no cinema americano, e estamos falando de um filme cujo miolo é uma batalha colossal contra dinossauros e insetos gigantes, e o clímax é a batalha de um gorila contra aviões de guerra no topo do Empire State Building. Essa mágica só poderia acontecer numa produção como King Kong, que bancada pela RKO e muito beneficiada por uma certa inocência que ainda permitia ao cinema fantástico voar além do imaginável naquele período. Cooper e Schoedsack até deviam fazer ideia da obra-prima que realizavam, mas certamente não imaginavam que, quase 80 anos depois, ela ainda estaria sendo reverenciada e referenciada, sempre e cada vez apaixonadamente mais” (Marcelo Miranda, Blogs Polvo).
13 A Noiva de Frankenstein
(The Bride of Frankenstein)
James Whale, 1935
244 pontos
12 votos
sem poles
“A Noiva de Frankenstein é a melhor continuação picareta da História. James Whale relutou em fazer a sequencia de seu sucesso de quatro anos antes, um ícone do cinema de horror que popularizou Boris Karloff. Mas se rendeu aos apelos do estúdio com um adorável golpe: criar uma namorada para sua criatura. O resultado foi o improvável encontro entre o drama carregado pelo protagonista solitário, incompreendido, que vive à margem da sociedade que o obriga a matar, e uma comédia esquisita, algo como uma comédia de costumes com pitadas de humor negro. Um filme que, por suas particularidades, se sobrepõe à obra original, ganha caráter único. O casamento macabro em que a noiva aparece pela primeira vez é uma cena para se ver ajoelhado” (Chico Fireman, Filmes do Chico).
14 A Grande Ilusão
(La Grand Illusion)
Jean Renoir, 1937
226 pontos
10 votos
sem poles
“Este é considerado pela crítica em geral um dos mais importantes filmes franceses de todos os tempos e, por que não, um dos mais importantes de qualquer nacionalidade. Este é mais um clássico absoluto que, ainda hoje, muitas décadas depois do seu lançamento original, permanece sendo reconhecido e visto por platéias do mundo todo. Temas como disputas de classes (sim, mesmo em um campo de prisioneiros, Renoir consegue mostrar tal tema, e de forma perfeita), amizade, saudade, entre vários outros, povoam esta obra do realismo poético do diretor. Um filme obrigatório para quem quer conhecer um pouco mais a fundo a história do cinema e mesmo para quem é estudioso da alma humana e de como ela pode ficar sempre acima de tragédias como uma guerra de nível mundial” (Alexandre Koball, Cine Players).
15 Levada da Breca
(Bringing Up Baby)
Howard Hawks, 1938
213 pontos
10 votos
1 pole
“As boas comédias são para sempre. Por mais que o senso de humor possa mudar com o passar do tempo e tornar algumas obras difíceis de agradar a novas plateias, alguns filmes conseguem ficar eternos, como se a passagem do tempo não os interferisse. Assim é Levada da Breca, provavelmente a maior das comédias de Howard Hawks. E vale lembrar que estamos falando de um gigante. Para aqueles que não têm intimidade com o cinema do diretor, a comédia maluca sobre uma mulher que inferniza a vida de um homem é eficiente em causar risos e gargalhadas. Mas para aqueles que tem em Hawks um de seus cineastas preferidos, um verdadeiro autor, o filme vai muito além da simples diversão, vai além da obra bem construída. Pois Levada da Breca tem a cara de Hawks. A típica mulher hawksiana (Katharine Hepburn, perfeita), que é responsável pelos problemas do desorientado paleontólogo (Cary Grant, em estado de graça) é no fim responsável por sua felicidade. E o caminho da felicidade em algum momento deve passar por um grande filme de Hawks” (Ailton Monteiro, Diário de um Cinéfilo).
16 Branca de Neve e os Sete Anões
(Snow White and the Seven Dwarfs)
David Hand, 1937
206 pontos
9 votos
sem poles
“Branca de Neve e os Sete Anões não trata apenas de Branca de Neve e do Príncipe Encantado, mas também dos sete anões e da Rainha Má e de um sem-número de seres da floresta e dos céus, desde o pássaro azul que enrubesce até a tartaruga que passa a vida inteira tentando subir um lance de escadas.O que se vê é uma tela sempre brilhando e palpitando de movimento e invenção onde se insere a estória principal, apavorante como em todos os contos de fada, envolvendo a Rainha Má, o sinistro espelho Mágico, a maça envenenada, o sepultamento em uma urna de vidro, a tempestade de raios, a saliência rochosa e a queda fatal da rainha. É uma obra unificada de grande profundidade, ao mesmo tempo, básica e sofisticada, sombria e luminosa, tangível e ilusória, única e, ainda assim universal” (Marfil).
17 Paraíso Infernal
(Only Angels Have Wings)
Howard Hawks, 1939
200 pontos
10 votos
1 pole
“Um milagre acontece em Paraíso Infernal. Temos Cary Grant e Jean Arthur como o par romântico. Temos uma ilha e uma pequena companhia de aviação, o mau tempo e o interesse mútuo entre duas pessoas. Até aí tudo bem. O milagre é que por mais que se observe a direção de Howard Hawks, num dos momentos mais inspirados de sua brilhante carreira, nunca saberemos em que medida ele realiza o feito de juntar vários ingredientes que desaparecem numa mistura perfeita de aventura e romance. Hawks, como Ford e Walsh, tinha a incrível habilidade de apresentar todos os trunfos num tom certo e fazer com que eles permaneçam invisíveis. O que vemos é o resultado, mas não chegamos nem perto de identificar o caminho. É a arte de contar uma história por intermédio de uma câmera, de deslocar os atores no espaço e realizar cortes invisíveis. Arte a que poucos tem acesso” (Sergio Alpendre, Chip Hazard).
18 A Mulher Faz o Homem
(Mr. Smith Goes to Washington)
Frank Capra, 1939
198 pontos
9 votos
sem poles
“Obsessão e decepção andam lado a lado neste clássico absoluto de Frank Capra. Obsessão que é fruto de uma paixão irrefutável de um homem (in)comum pelos ideais de justiça, integridade e liberdade que a Constituição de seu país preconiza. O little man de Capra, encarnado pela segunda vez na figura de James Stewart, assume o cargo de senador em Washington apenas para fazer número e contar voto na bancada de seu partido. É ao “sair do túnel” que sua vertigem de admiração por seus presidentes e sua plena crença na bondade inerente ao ser humano sofrem um baque diante da corrupção que move o sistema político. Seguindo no sentido contrário do Willie Stark de A Grande Ilusão (outro clássico que aborda os mesmos temas), Jefferson Smith inicia a batalha do verdadeiro representante do povo contra a máquina de interesses, resultando num dos momentos de redenção fundamentais do cinema deste autor americano. E Capra se delicia na direção, com um senso bem racional de enquadramento, tendo em Stewart o intérprete perfeito de sua convicção na dignidade do homem. Setenta anos desde seu lançamento, A Mulher Faz o Homem ainda é relevante. Um filme político, mas, sobretudo, um filme de caráter” (Renato Silveira).
19 Os 39 Degraus
(The 39 Steps)
Alfred Hitchcock, 1935
184 pontos
10 votos
sem poles
“Hitchcock ainda não era o ‘mestre do suspense’ quando este filme foi lançado. Mas Os 39 Degraus, sua primeira obra-prima e o melhor de sua fase inglesa, estabeleceu as bases para triunfos futuros: é o pai de Intriga Internacional, Sabotador e outros clássicos do gênero de espionagem, repletos de peripécias e humor, nos quais um homem comum é envolvido em uma trama complexa e precisa se desdobrar para provar sua inocência. Outras características dos filmes mais divertidos do cineasta surgem aqui: o malfadado protagonista dependerá da ajuda de estranhos que, sob as circunstâncias, fazem a coisa certa ao fazer algo que aparentemente não deveriam (ou seja, o que é ético não é necessariamente o que é socialmente aceitável); o vilão não apenas se assemelha muito pouco ao que na vida real tomamos por um marginal, mas é um membro “respeitável” da sociedade; temos o artifício do McGuffin, extremamente engenhoso, que dá razão de ser a um dos mais interessantes personagens da filmografia do diretor, Mr. Memory; e o final, apoteótico, ocorre em um local público extremamente famoso. Em 1935, Hitchcock ainda não era mestre _mas lançou seu primeiro filme digno de mestre” (Marcelo V., Cinema Cuspido e Escarrado).
20 Tabu
(Tabu)
F. W. Murnau e Robert J. Flaherty, 1931
152 pontos
7 votos
sem poles
“Iniciado com a colaboração de Robert J. Flaherty (Nanook, o Esquimó, A História de Louisiana…), as divergências entre o critério documentarista deste e o sentido dramático de Murnau fizeram com que Flaherty abandonasse as filmagens. Apesar disso, no entanto, no filme aparecem magnificamente fundidos o realismo documental (cenas ambientais, danças, etc) e o subjetivismo criador do autor de Nosferatu, para o qual a natureza e as paisagens são um expressivo décor em que insere um poema trágico de amor na fábula de um casal de jovens indígenas da ilha de Bora-Bora apaixonado e feliz. Mas o Grande Sacerdote vem a escolher a mulher para ser consagrada aos deuses, e, portanto, declarada tabu em relação aos homens. O homem, porém, não aceita tal destino e rapta a amada para viver numa ilha distante. O Grande Sacerdote descobre o paradeiro do casal e se apodera da jovem, mas o amante, desesperado, trata de seguir a nado a barca que a conduz. Extenuado, morre no mar. Tabu praticamente não tem diálogos. A expressão se dá pela imagem e pela música. O tema desta obra-prima é o da inútil luta do homem contra a fatalidade do destino. Filme de extraordinária beleza formal e expepcional qualidade poética, é considerado um dos pontos altos da expressão lírica cinematográfica” (André Setaro).
02 terça-feira jun 2009
Posted Ranking décadas, Rankings, Rankings Especiais
in21 Monstros
Tod Browning, 1932
135 pontos – 7 votos
22 A Idade do Ouro
Luis Buñuel, 1930
135 pontos – 6 votos
23 O Anjo Azul
Josef von Sternberg, 1930
133 pontos – 6 votos
24 Alexander Nevsky
Sergei Eisenstein, 1938
127 pontos – 7 votos
25 Vampiro
Carl Theodor Dreyer, 1932
124 pontos – 6 votos
26 Frankenstein
James Whale, 1931
122 pontos – 6 votos
27 Do Mundo Nada se Leva
Frank Capra, 1938
113 pontos – 5 votos
28 Eu Nasci, Mas…
Yasujiro Ozu, 1932
99 pontos – 5 votos
29 O Morro dos Ventos Uivantes
William Wyler, 1939
98 pontos – 5 votos – 1 pole
30 Filho Único
Yasujiro Ozu, 1936
95 pontos – 4 votos
30 A Dama Oculta
Alfred Hitchcock, 1938
95 pontos – 4 votos
32 Ninotchka
Ernst Lubitsch, 1939
91 pontos – 5 votos
33 O Homem de Aran
Robert J. Flaherty, 1934
90 pontos – 4 votos
33 Terra
Aleksandr Dovzhenko, 1930
90 pontos – 4 votos
35 Diabo a Quatro
Leo McCarey, 1933
88 pontos – 4 votos
36 A Besta Humana
Jean Renoir, 1938
77 pontos – 4 votos
37 As Aventuras de Robin Hood
Michael Curtiz e William Keighley, 1938
71 pontos – 4 votos
38 Zero de Conduta
Jean Vigo, 1933
71 pontos – 3 votos
39 Drácula
Tod Browning, 1931
66 pontos – 3 votos
39 Divertimento Campestre
Jean Renoir, 1936
66 pontos – 3 votos
39 Sócios no Amor
Design for Living, 1933
66 pontos – 3 votos
15 segunda-feira dez 2008
Posted Ranking décadas
in21 Este Mundo é um Hospício
Arsenic and Old Lace, Frank Capra, 1944
163 pontos – 7 votos – 3 poles
22 Alemanha Ano Zero
Germania Anno Zero, Roberto Rossellini, 1948
162 pontos – 7 votos – 1 pole
23 O Boulevard do Crime
Les Enfants du Paradis, Marcel Carné, 1945
159 pontos – 8 votos – sem poles
24 Como Era Verde o Meu Vale
How Green Was My Valley, John Ford, 1941
155 pontos – 6 votos – 1 pole
25 A Bela e a Fera
La Belle et la Bête, Jean Cocteau, 1946
151 pontos – 8 votos – sem poles
26 Jejum de Amor
His Girl Friday, Howard Hawks, 1940
150 pontos – 6 votos – 1 pole
27 Ivan, o Terrível – Parte 1
Ivan Groznyy I, Sergei Eisenstein, 1944
149 pontos – 7 votos – sem poles
28 Os Sapatinhos Vermelhos
The Red Shoes, Michael Powell e Emeric Pressburger, 1948
147 pontos – 7 votos – sem poles
29 A Sombra de uma Dúvida
Shadow of a Doubt, Alfred Hitchcock, 1943
143 pontos – 7 votos – 1 pole
30 Dias de Ira
Vredens Dag, Carl Theodor Dreyer, 1943
138 pontos – 6 votos – 1 pole
31 Sangue de Herói
Fort Apache, John Ford, 1948
129 pontos – 6 votos – sem poles
32 À Beira do Abismo
The Big Sleep, Howard Hawks, 1946
123 pontos – 7 votos – sem poles
33 Carta de uma Desconhecida
Letter from an Unknown Woman, Max Ophüls, 1948
123 pontos – 6 votos – sem poles
34 A Grande Ilusão
All the King’s Men, Robert Rossen, 1949
122 pontos – 6 votos – sem poles
35 Consciências Mortas
The Ox-Bow Incident, William A. Wellman, 1941
114 pontos – 6 votos – sem poles
36 Sangue de Pantera
Cat People, Jacques Tourneur, 1942
108 pontos – 6 votos – 1 pole
37 A Loja da Esquina
The Shop Around the Corner, Ernest Lubitsch, 1940
108 pontos – 6 votos – sem poles
38 Fantasia
Fantasia, vários diretores, 1940
106 pontos – 5 votos – sem poles
39 Dumbo
Dumbo, Ben Sharpsteen, 1941
105 pontos – 6 votos – sem poles
40 Fuga do Passado
Out of the Past, Jacques Tourneur, 1947
105 pontos – 5 votos – sem poles
41 Almas Perversas
Scarlet Street, Fritz Lang, 1945
103 pontos – 5 votos – sem poles
42 Núpcias de Escândalo
The Philadelphia Story, George Cukor, 1940
101 pontos – 5 votos – sem poles
43 Contrastes Humanos
Sullivan’s Travels, Preston Sturges, 1941
100 pontos – 6 votos – sem poles
44 Paisà
Paisà, Roberto Rossellini, 1946
99 pontos – 5 votos – sem poles
45 Soberba
The Magnificent Amberson, Orson Welles, 1942
97 pontos – 5 votos – sem poles
46 Gilda
Gilda, Charles Vidor, 1946
96 pontos – 6 votos – sem poles
47 A Dama de Shangai
The Lady from Shangai, Orson Welles (não creditado), 1947
95 pontos – 5 votos – 1 pole
48 Matei Jesse James
I Shot Jesse James, Samuel Fuller, 1949
93 pontos – 5 votos – sem poles
49 Grandes Esperanças
Great Expectations, David Lean, 1946
83 pontos – 5 votos – sem poles
50 Curva do Destino
Detour, Edgar G. Ulmer, 1945
80 pontos – 5 votos – sem poles
19 quinta-feira jun 2008
Posted Ranking décadas, Uncategorized
inRANKING ANOS 2000
(1-20)
1
Cidade dos Sonhos
Mullholland Drive, 2001
David Lynch
540 pontos
23 votos
6 poles
“Assim como Twin Peaks, Cidade dos Sonhos foi inicialmente concebido para ser uma série de tv. Porém, mais uma vez os executivos do estúdio não compraram a idéia. Por isso que o filme tem aquele gostinho de Twin Peaks, cheio de personagens que confundem e complicam o enredo. O fato de o filme ter sido finalizado com dinheiro francês e de ter sua estória completada de maneira totalmente diferente do que havia sido planejado por Lynch só aumentou a minha admiração pelo genial cineasta, que de uma obra inacabada conseguiu fazer a sua obra-prima máxima. A culpa e o mistério, a ênfase nos objetos (chaves, telefones, caixas, cortinas) continuam presentes como marca, mas, diferente de John Merrick (O Homem Elefante) e Laura Palmer (Twin Peaks – Os Últimos Dias de Laura Palmer), aqui a protagonista não encontra redenção. A fuga através de um sonho e do auto-esquecimento só funciona até certo momento e logo a verdade vem à tona. Nesse ínterim, somos mergulhados numa atmosfera de sonho e mistérios – alguns deles insolúveis -, numa dimensão ao mesmo tempo assustadora e erótica, romântica e trágica. No final, uma mulher estranha, de cabelos azuis (sendo o azul, sempre a cor do mistério nos filmes de Lynch), pede algo que pode ser encarado, entre outras coisas, como um pedido de respeito à obra: silêncio”(Ailton Monteiro, Diário de um Cinéfilo)
2
Elefante *
Elephant, 2003
Gus Van Sant
486 pontos
21 votos
2 poles
“Em Elefante, Gus Van Sant filma a adolescência com o espanto de quem se descobre diante de um mistério. O massacre de Columbine inspirou inúmeras análises sobre o comportamento da juventude norte-americana. Para Van Sant, não há o que explicar. Os atores desse drama nunca se deixarão revelar completamente. Em vez de simplificar, o cineasta dificulta: com uma câmera colada aos personagens, ele os acompanha como quem não quer nada, em corredores de cólegio e atividades do cotidiano. Com os meninos e meninas, caminha silenciosamente de encontro a uma tragédia, filmada com crueza quase insuportável. Difícil sobreviver à seqüência final. Até lá, o cineasta permitirá ao espectador uma experiência mais impactante: o convívio com uma juventude não mais reduzida a estereótipos, tratada com a complexidade que faz por merecer” (Tiago Superoito, Meu Nome Não é Superoito).
3
Antes do Pôr-do-Sol
Before Sunset, 2003
Richard Linklater
389 pontos
16 votos
1 pole
“Um homem, uma mulher, nove anos depois. Será que poderíamos resumir assim o reencontro entre Celine e Jesse? O casal que se encontrou e desencontrou numa fascinante noite em Viena d’Áustria se reúne novamente em Paris, dessa vez em plena luz do dia. Filmado em longos planos-seqüência, o novo filme deixa de lado o tom onírico que marcou o primeiro filme e cede lugar à experiência acumulada por ambos antes do reencontro. A sensação que temos é que a dupla vai criando o texto no improviso da mesma forma que fazemos, na vida real, ao nos depararmos com um antigo amor. Da troca de olhares inicial na lendária Shakespeare and Company até a seqüência final no apartamento de Celine, a impressão é que tudo pode acontecer. E, se tudo pode acontecer, por que não acreditar que eles finalmente ficarão juntos? Eu acredito…” (Guilherme Lamenha, Perto do Coração Selvagem).
4
Marcas da Violência *
A History of Violence, 2005
David Cronenberg
386 pontos
19 votos
1 pole
“Aparentemente, uma mudança de rumo na filmografia do rei do horror venéreo: nada de metamorfoses corporais, nada de psicoses criando outras realidades. Para além de toda forçação de barra possível, esses temas estão lá, discretos, adormecidos, para serem apreciados depois de sair do cinema. Marcas da Violênica é um dos melhores filmes do diretor, prova de seu talento na construção de personagens, situações e imagens poderosas. Uma delas: nosso herói, exausto pelos dias sem sono, pela estrada até Filadélfia, pela carnificina com a qual foi obrigado conviver de novo e, por fim, pelo peso de ter matado o próprio irmão, vai se lavar à beira do lago da mansão, jogando a arma em suas águas. Nesse momento o filme assume uma dimensão trágica difícil de ser imaginada até então e mesmo a cenografia nouveau riche à beira do lago não deixa de invocar, à meia-luz da aurora de um novo dia, um cenário de tragédia grega. Junto à introdução do filme, à cena do tiroteio no café e à cena do jantar ao final, a prova definitiva de um cineasta no ápice do controle de sua técnica” (Milton do Prado, O Olho de Hochelaga).
5
Kill Bill: Vol. 1 *
Kill Bill: Vol. 1, 2003
Quentin Tarantino
367 pontos
18 votos
sem poles
“Tarantino eleva ao extremo aquilo que em Pulp Fiction ele redefiniu: a violência usada como entretenimento, tendo o real desvinculado de si mesmo para servir apenas como suporte da estética do ‘cool’, do visualmente bacana e intelectualmente bem sacado. Se Cães de Aluguel e Jackie Brown são habitados por personagens que podemos acreditar que existem fora da tela, Kill Bill está um passo além de Pulp Fiction: se neste John Travolta e Samuel L. Jackson saíram de tramas policiais baratas, ‘A Noiva’ de Uma Thurman e seus adversários saltam diretamente de animês e filmes de luta japoneses, trazendo junto seus universos antigravitacionais, povoados por corpos facilmente decapitáveis e que literalmente esguicham sangue. É uma violência estilizada e absurda, que coloca o espectador a uma distância adequada. E mesmo se você não reconhecer as inúmeras referências e homenagens, dá para ver que toda essa miscelânea foi feita por alguém que é apaixonado por cinema” (Renato Silveira, Cinematório).
6
Amantes Constantes *
Les Amants Réguliers, 2005
Philippe Garrel
301 pontos
14 votos
1 pole
“Se dependesse apenas das cenas de combate entre os estudantes e a polícia francesa, Amantes Constantes já seria inesquecível e daria a perguntar por que Philippe Garrel, com uma filmografia consistente atrás de si, esteve até então inédito em nossas telas. Pela fotografia arrebatadora, os planos grandiosos a revelar a beleza e a ingenuidade das guerrilhas de universitários, em que os ‘soldados’ se dividem entre os que incendeiam carros e os que se beijam antes do próximo ataque de pedras na mão. Ou antes da polícia colocar todo mundo para correr por uma Paris em preto-e-branco que vivia o agora. E aí está o porquê de Amantes Constantes ir além da composição desta seqüência inspirada. Porque apresenta os restos de 1968, que chegaram aos meses posteriores aos revolucionários. Não são cacos, esses restos, mas instantes feitos de um tempo parado, uma ressaca de indefinição e letargia. A passagem da embriaguez existencial de 68 para o desconforto passivo de 69, ilustrada por uma música do Kinks, “This Time Tomorrow”, no frenesi de uma festa, é outro presente de um filme de muitos” (Alexandre Carvalho, Na Minha Rolleiflex).
7
Sobre Meninos e Lobos **
Mystic River, 2003
Clint Eastwood
284 pontos
15 votos
sem poles
“Filme simples na sua forma de narrar, em que toda a intensidade e complexidade surge a partir do posicionamento dos personagens dentro do espaço coberto pela câmera, da luz que insiste em escurecer rostos e corpos, do desenvolvimento dramático crescente em que o ápice não é o fim, mas o começo. Clint Eastwood faz aqui um atestado dos mais contundentes acerca da violência na sociedade burguesa, um verdadeiro acontecimento cinematográfico em que o classicismo torna-se modernidade na medida em que o diretor se coloca como observador dos fatos, e jamais como juiz ou árbitro. Naquele trio de amigos de infância reside uma tragédia humana que reflete muito do que é ser, essencialmente, um ser vivo, pensante e sujeito às circunstâncias mais dolorosas e angustiantes” (Marcelo Miranda, Impressões Cinéfilas).
8
Caché *
Caché, 2005
Michael Haneke
282 pontos
14 votos
2 poles
“Instigante. Misteriosas fitas desestabilizando uma família que parecia sólida e feliz. Inteligente. Um filme de metáforas retratando não só ocasal, como a própria França e seus medos escondidos que diariamente tornam-se mais vivos. Intrigante. O meticuloso filme de Haneke causa um mal estar no estômago desde o primeiro instante, a mistura de suspense e drama guarda em suas entrelinhas uma história de xenofobia, e um leve fio de esperança que o cineasta prefere esconder dentro de seu estilo incomodo e desagregador. Perspicaz. Uma obra enriquecedora capaz de abranger tantos dramas da vida contemporânea em minuciosos e pertinentes detalhes. E deixa perguntas (quando na verdade implicitamente oferece suas respostas) para temas urgentes escondidos numa sociedade que crê ser estável” (Michel Simões, Toca do Cinéfilo).
9
Amor à Flor da Pele
Fa Yeung Nin Wa, 2000
Wong Kar-Wai
280 pontos
14 votos
sem poles
“Com Amor à Flor da Pele, o cineasta Wong Kar-Wai estabelece uma nova maneira de fazer cinema, onde a expressividade das cores e sons, acompanhado de seu modo ímpar de captar cenas e seqüências, cria a atmosfera inebriante de um romance bastante tradicional elevado a um patamar poucas vezes alcançado. A predileção pelos fades, pelo ‘slow motion’ e pela câmera que abandona seus personagens para registrar somente o imprescindível, traduzem o que de fato se busca: a sugestão. A partir disso, o que se vê é alguém registrando seu nome na história ao criar um manifesto de paixão à sétima arte, o verdadeiro poema filmado, cujas imagens, de tão belas que surgem na tela, custam a sair da cabeça” (Hudson Dalbem, Epílogo).
10
Encontros e Desencontros **
Lost in Translation, 2003
Sofia Coppola
267 pontos
12 votos
1 pole
“Me parece meio que uma versão filmada de um bom disco do My Bloody Valentine – e não à toa Sofia Coppola chamou Kevin Shields, guitarrista da banda, para fazer a trilha sonora (e aí nos entregou a linda City Girl): é introspectivo, de ritmo lento e com uma atmosfera acolhedora, mágica mesmo (pronto, é o Loveless). Impressiona também como Coppola consegue aproveitar toda a fotogenia de Tóquio, cidade que acaba virando personagem, embalando em melancolia essa história de amor das mais puras e singelas. Há um grande número de seqüencias memoráveis (a cena do karaokê ou a sequencia ao som de Sometimes, do My Bloody Valentine, por exemplo), mas certamente a que mais merece destaque é aquela do final, já clássica, com Just Like Honey e um sussurro que diz muito, encerrando com perfeição este que é um dos grandes filmes dos anos 2000″ (Rodrigo Pierre, ToLtal Trash).
11
Sangue Negro
There Will Be Blood, 2007
Paul Thomas Anderson
250 pontos
10 votos
1 pole
“Numa trajetória cinematográfica relativamente curta, PT Anderson fez um dos melhores e mais sombrios filmes deste início de século, tão repleto de incertezas como os 10 minutos iniciais de silêncio e suspense em que o diretor mergulha num poço escuro seu personagem Daniel Plainview e todos nós, espectadores. Plainview tem uma alma tão dura e escura quanto o solo onde ele vislumbra o ouro negro. Sangue Negro orquestra uma sucessão de surpresas, cuja grandiosidade nos leva a pensar no maestro que está por trás de tudo aquilo. Além das atuações brilhantes de Day-Lewis e Paul Dano, da direção e do roteiro, a fotografia, em que a luz solar refletida na paisagem contrasta com a sombra dos operários do petróleo em trabalho, e a trilha sonora de Jonny Greenwood, extremamente perturbadora e eficiente, evidenciam a ambição de um cinema inteligente e de forte impacto, repleto de sensações e quase inenarrável pelo espectador” (Eduardo Miranda, Mira!).
12
Não Estou Lá
I’m Not There, 2007
Todd Haynes
240 pontos
11 votos
1 pole
“Não Estou Lá é o tipo de obra que se impõe de um modo muito particular. Poderia ser simplesmente por tratar da vida de um dos maiores mitos do século XX, Bob Dylan, mas é muito mais do que isso. Apesar das inúmeras referencias a Dylan, incluindo aí o uso em quase todas as cenas de alguma música de sua autoria, em todos momentos Haynes se abre a novas reflexões, criando um filme sobre a humanidade em geral, sobre as várias faces de uma pessoa em constante mutação, e em conflito com si. É mais um filme sobre o autor do estudo do que sobre o objeto. A direção transforma idéias mirabolantes em planos geniais, e a montagem faz estes planos se completarem de tal maneira que poucas vezes se viu no cinema. Resumindo em uma única frase: É o tipo de filme que eu quero fazer quando crescer” (Mateus Nagime, Cinema Mon Amour).
13
Um Filme Falado *
Um Filme Falado, 2003
Manoel de Oliveira
236 pontos
11 votos
1 pole
“Mãe e filha partem de Lisboa em um cruzeiro rumo a Bombaim. Ao atravessar o oceano, a mãe – que é professora de história – espera visitar os lugares (França, Itália, Grécia, Egito, Turquia e Iêmen) que conhece na teoria. À medida que vai respondendo às perguntas da filha, ela dá uma aula sobre as grandes civilizações. Em cada parada, novas histórias, novos hóspedes e mais descobertas sobre a natureza humana. Manoel de Oliveira faz um filme grandioso, sem um senão sequer. Texto primoroso, imagens belíssimas, elenco internacional afiado – com destaque para Leonor Silveira e a pequena Filipa de Almeida – e um final de cair o queixo” (Demas, Cine Dema(i)s).
14
O Novo Mundo **
The New World, 2005
Terrence Malick
227 pontos
11 votos
1 pole
“Descobrir um novo mundo no cinema parecia tarefa impossível neste novo milênio. Era como se tudo já tivesse sido mostrado, de todas as formas e conteúdos imagináveis. Até você abrir os olhos para O Novo Mundo. A maior proeza, dentre as várias alcançadas por Malick, é justamente a de nos permitir um olhar virgem diante de tudo que achávamos incapaz de surpreender, de parecer novo, original e belo. A natureza na América, a realeza na Europa, os olhos de cá para lá e de lá para cá. Tudo tão inédito que até dói. Dói nos olhos, nos ouvidos, na mente, no coração. Dói porque nos leva à imersão, nos fazendo esquecer que estamos diante de um filme. E então não nos vemos mais diante, mas dentro; dentro de um novo mundo, com todos os desdobramentos e contradições e intolerâncias e mais todas as nossas emoções represadas vazando por frestas de nós mesmos como feridas abertas. Ou como epifanias inesperadas e, ao mesmo tempo, tão aguardadas” (William Wilson, MegaZona).
15
Reis e Rainha
Rois et Reine, 2004
Arnaud Desplechin
212 pontos
10 votos
1 pole
“Um filme com 150 minutos, feito em cinemascope e com traços que emulam caracteristícas da nouvelle vague. Arnaud Desplechin poderia ter feito um trabalho inflado e desajeitado, mas o que vemos em Reis e Rainha é um trabalho leve, que parece flutuar. É um épico familiar, com momentos dramáticos extremamente amargos (a carta do pai), mas possuindo um lado cômico que não é mero alívio, pois se encaixa com perfeita naturalidade dentro da trama, e a atuação de Mathieu Almaric, fenomenal, certamente contribui para isso. O elenco, aliás, tem uma força enorme e Desplechin parece deixar seus atores bem livres para atuar (além de Almaric, Emmanuele Devos também está sensacional). O grande filme da década até agora” (Paulo Eduardo, Loged).
16
Embriagado de Amor
Punch-Drunk Love, 2002
Paul Thomas Anderson
202 pontos
9 votos
2 poles
“Um acidente na estrada, e surge na rua um órgão parecido com um piano. Barry Egan se aproxima daquele instrumento, olha para ele no meio da rua, o segura e leva correndo desesperadamente para seu escritório. Tão subitamente quanto esse piano surge no começo do filme, surge na vida de Barry o amor de sua vida, encarnado aqui pela bela Emily Watson. É esse amor que transformará Barry – e nem suas irmãs ou um telefonema mal sucedido para o tele-sexo farão esse protagonista desistir do amor. Aos poucos, ele começa a entender o seu piano, e a compreender melhor como lidar com sua Emily Watson. Na cena final, Barry Egan já toca seu piano conforme a trilha sonora do filme, Emily Watson chega, abraça Barry e “so here we go”. Embriagado de Amor é uma obra que tenta resumir o amor. Um algo inexplicável, assim como o porquê do terno azul que Barry Egan veste o filme inteiro” (Christopher Faust, Christophilmes).
17
A Última Noite *
The 25th Hour, 2002
Spike Lee
201 pontos
9 votos
1 pole
“Há quem diga que este é seu melhor filme, por mais irônico que seja, também é um dos seus filmes “brancos”. A Ultima Noite retrata uma pungente ressaca do pós-11 de Setembro de maneira muito intimista. Nesta adaptação do romance de David Benioff, Monty (Edward Norton) salva um cão dos escombros e este ponto o faz repensar sua vida de traficante para máfia russa. Exatamente no dia que resolve deixar “seu negócio”, é capturado pela polícia sob forte indício de ter sido entregue por alguém muito próximo. Nestes momentos o filme ganha peso: sua desconfiança de quem possa tê-lo entregue e suas últimas 24 horas de liberdade para curtir com os amigos. Além da belissima trilha de Terence Blanchard, há pelo menos três momentos memoráveis no filme, como suas acusações em tom de desabafo frente ao espelho; quando pede para os melhores amigos que ganhe hematomas no rosto para impor respeito aos outros detentos e a despedida de sua mulher no hall de sua casa: – a mulher cuidando de suas feridas, o pai esperando no batente da porta com as bagagens, tudo é tão crível como desesperador no cerco do tempo que acaba. Aqui percebe-se que Spike Lee soube transportar pro cinema e criar uma béla mise-en-cene do choro mais humilde norte americano, mais precisamente nova-iorquino” (Vebis Jr., Mentiras e Verdades).
18
Dogville *
Dogville, 2003
Lars Von Trier
198 pontos
9 votos
1 pole
“À época do lançamento, as críticas sobre Dogville deslumbravam-se com seu libelo anti-americano e com a polêmica fomentada por um Lars Von Trier que espumava pela boca ao falar do país que ele, orgulhosamente, nunca visitou. Cinco anos e uma nova (e fracassada) administração Bush depois, o suposto anti-americanismo da produção já não impressiona ninguém. Dogville não existe mesmo para chutar cachorros mortos. Muito mais um tour de force estético sobre o papel de um diretor de cinema do que um panfleto anti-Bush, a obra-prima de Von Trier ainda revela camadas a cada vez que é revisitada e descortina ao mundo parte da personalidade egocêntrica do dinamarquês. A ausência de cenários põe a suspensão da descrença em cheque, mas a força divina do diretor – sacramentada mais adiante, em As Cinco Obstruções – faz todo mundo acreditar, por 3 horas, em portas e paredes invisíveis. Dogville, visto hoje, é muito mais um filme sobre Lars Von Trier do que qualquer outra coisa. É arrogante e prepotente, mas também é genial. Nicole Kidman que o diga (Diego Maia, Egolog)”.
19
Fale com Ela
Hable com Ella, 2002
Pedro Almodóvar
180 pontos
9 votos
sem poles
“Fale com Ela é sangue, sexo, lágrimas, violência, superação, morte, e, sobretudo, amor. Para Almodóvar, em um equilíbrio talvez inédito em seu cinema entre o trágico e o cômico, entre o ordinário e o sublime, o amor se tornou mais importante do que o desejo. O amor como a mais bela das patologias. As mulheres, apesar de fortes, são colocadas em coma para que dois homens de sensibilidade quase feminina tomem conta do drama. E os personagens se abrem para um entendimento mais amplo de seus comportamentos. Benigno transa com sua paciente em coma e a conseqüente gravidez a faz sair do estado vegetal; e Marco, o verdadeiro protagonista do longa, aprende a amar desesperadamente. Um filme do tamanho do mundo” (Julio Bezerra, Cinekinos).
20
Onde os Fracos Não Têm Vez
No Country for Old Men, 2007
Joel e Ethan Coen
174 pontos
9 votos
sem poles
“No deserto americano, outrora terra de caubóis, corpos e uma mala com muito dinheiro. Um caçador, veterano do Vietnã, que a encontra. Um assassino cruel, um demônio de preto e olhar vazio, tal qual o Mammon bíblico, que o persegue implacavelmente em um embate dos mais tensos e eletrizantes. E um perplexo xerife que segue no encalço dos dois, mas que se vê impotente diante de um mundo onde a violência se torna cada vez mais banal e sem sentido. No meio deles, muitos cadáveres. Linha por linha, o enxuto romance de Cormac McCarthy é transposto com limpidez e minimalismo pelos irmãos Coen, que, como no magistral Fargo, cuidaram também de injetar nesta obra-prima seu senso de humor peculiar, mesmo diante das terríveis carnificinas mostradas. Prevalece, porém, neste crepuscular western moderno, um tom pessimista, expresso ao final pelo olhar resignado no enrugado e melancólico rosto do xerife, ao narrar para a esposa um enigmático sonho interrompido, prenúncio de que tempos ainda mais sombrios estão por vir. Um mundo onde tudo tende a piorar, sem dúvida; menos o cinema dos Coen. Estes, aqui mais geniais do que nunca” (David Medeiros, Blog of Snobs).
* filmes que concorreram ao Alfred de melhor filme
** filmes que ganharam o Alfred de melhor filme
19 quinta-feira jun 2008
Posted Ranking décadas
inRANKING ANOS 2000
(do 21 ao 50)
21 Mal dos Trópicos (Apichatpong Weerasethakul, 2004)
172 pontos – 7 votos – 1 pole
22 O Segredo de Brokeback Mountain ** (Ang Lee, 2005)
169 pontos – 9 votos – 1 pole
23 Menina de Ouro ** (Clint Eastwood, 2004)
167 pontos – 8 votos – 1 pole
24 Império dos Sonhos * (David Lynch, 2006)
163 pontos – 7 votos – 1 pole
25 Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças * (Michel Gondry, 2003)
157 pontos – 6 votos – 1 pole
26 As Horas (Stephen Daldry, 2002)
142 pontos – 6 votos – 1 pole
27 A Viagem de Chihiro * (Hayao Miyazaki, 2001)
138 pontos – 7 votos – sem poles
28 Medos Privados em Lugares Públicos * (Alain Resnais, 2006)
137 pontos – 8 votos – sem poles
29 O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei * (Peter Jackson, 2003)
137 pontos – 6 votos – 1 pole
30 O Céu de Suely (Karim Aïnouz, 2006)
130 pontos – 5 votos – sem poles
31 Os Excêntricos Tenenbaums (Wes Anderson, 2001)
127 pontos – 7 votos – sem poles)
32 Gangues de Nova York * (Martin Scorsese, 2002)
126 pontos – 5 votos – sem poles)
33 Cidade de Deus (Fernando Meirelles e Kátia Lund, 2002)
123 pontos – 6 votos – sem poles
34 Os Donos da da Noite (James Gray, 2007)
120 pontos – 6 votos – sem poles
35 Dolls (Takeshi Kitano, 2002)
116 pontos – 6 votos – sem poles
36 Dez (Abbas Kiarostami, 2002)
115 pontos – 5 votos – 1 pole
37 Kill Bill: Vol. 2 (Quentin Tarantino, 2004)
114 pontos – 6 votos – sem poles
38 Lady Chatterley (Pascael Ferran, 2006)
112 pontos – 6 votos – sem poles
39 A. I. – Inteligência Artificial (Steven Spielberg, 2001)
108 pontos – 5 votos – 1 pole
40 O Signo do Caos (Rogério Sganzerla, 2003)
106 pontos – 4 votos – sem poles
41 O Pântano (Lucrecia Martel, 2001)
104 pontos – 5 votos – sem poles
42 As Coisas Simples da Vida (Edward Yang, 2000)
104 pontos – 4 votos – sem poles
43 O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel (Peter Jackson, 2001)
103 pontos – 5 votos – sem poles
44 A Vila (M. Night Shyamalan, 2004)
102 pontos – 5 votos – sem poles
45 Quase Famosos (Cameron Crowe, 2000)
100 pontos – 5 votos – sem poles
46 Maria * (Abel Ferrara, 2005)
99 pontos – 5 votos – sem poles
47 Santiago (João Moreira Salles, 2007)
98 pontos – 4 votos – sem poles
48 Lavoura Arcaica (Luiz Fernando Carvalho, 2001)
95 pontos – 5 votos – sem poles
49 Adeus, Dragon Inn (Tsai Ming-Liang, 2005)
91 pontos – 4 votos – sem poles
50 Clean (Olivier Assayas, 2004)
90 pontos – 5 votos – sem poles)
* filmes que concorreram ao Alfred de melhor filme
** filmes que ganharam o Alfred de mrlhor filme
18 terça-feira set 2007
Posted Ranking décadas
inRanking anos 50
1 Crepúsculo dos Deuses
(Sunset Boulevard, 1950)
Billy Wilder
399 pontos
30 votos
4 poles
8 pódiuns
“I am big, it’s the pictures that got small!”. A famosa frase é perfeita, mas incorreta quanto ao próprio filme, já que Crepúsculo dos Deuses é enorme, até por exalar Cinema por todos os seus poros. Billy Wilder, no auge da forma, com uma audácia de que só ele seria capaz, dirige (e ressuscita) Gloria Swanson, William Holden e Erich von Stroheim, que praticamente interpretam a si mesmos, e a Cecil B. de Mille, Hedda Hopper, Buster Keaton e cia., que realmente interpretam a si mesmos, com todos eles, claro, definitivos e únicos em seus papéis. Só Billy Wilder mesmo para conseguir fazer uma crítica ácida ao mundo hollywoodiano e, ao mesmo tempo, evocar em qualquer amante do Cinema uma grande saudade daquela época mágica. Afinal de contas, quem não gostaria de poder entrar naquela estranha mansão e assistir ao vivo ao último close-up para o Sr. de Mille?” (Marcelo Rennó)
2 Um Corpo que Cai
(Vertigo, 1958)
Alfred Hitchcock
398 pontos
28 votos
5 poles
13 pódiuns
“Um Corpo que Cai, minha primeira vez: uma fita VHS gasta, com uma gravação tremida de um canal de tevê por assinatura. O filme flutuou desbotado diante dos meus olhos, mas só consegui fixar uma imagem: a da mulher que desaba no rio – por algum motivo que nosso herói, James Stewart, ainda desconhece. Eu tinha 13 anos de idade. Agora aos 28, retornei a este filme que, para mim, sempre foi fundamental. Me surpreendi com a clareza como todas aquelas cenas retornaram, feito assombração, misturadas a lembranças da minha adolescência. Não é isto o filme? Um sonho dentro de um sonho? Em um determinado momento, o detetive aposentado nos avisa: “há uma explicação para tudo”. Hitchcock desconfia de tanta certeza. Desloca o herói para um mistério que, em parte, até pode ser resolvido. Mas que, depois das badaladas de um desfecho assustador, permanecerá solto, perdido no ar. O melhor filme do mundo termina com reticências” (Tiago Superoito).
3 Cantando na Chuva
(Singin’ in the Rain, 1952)
Gene Kelly e Stanley Donen
327 pontos
26 votos
1 pole
8 pódiuns
“O enredo acontece naquele momento em que a indústria cinematográfica passava por uma de suas grandes e inevitáveis revoluções: a mudança do cinema mudo para o falado. É notável, portanto, que o filme que melhor represente este marco da história da sétima arte seja um musical – e um musical como Cantando na Chuva, tão vibrante e tão colorido (o que não deixa de ser curioso, uma vez que o primeiro filme falado, O Cantor de Jazz, é preto-e-branco). Entre a hilariante e quase inacreditável cena em que Donald O’Connor sobe pela parede e o clássico número de Gene Kelly dançando debaixo d’água, a grandiosa seqüência de sonho com Cyd Charisse continua um tanto enigmática e solta dentro da lógica do roteiro. Mas talvez, por ela ser tão hipnotizante quanto o resto do filme – dirigido por Kelly e Stanley Donen como se fosse um engenhoso desenho animado – ninguém se sinta à vontade para criticar este que, se não é o melhor, é, sem dúvidas, o musical mais lembrado de todos os tempos, até mesmo por quem nunca o viu do começo ao fim” (Renato Silveira).
4 Janela Indiscreta
(Rear Window, 1954)
Alfred Hitchcock
324 pontos
24 votos
2 poles
6 pódiuns
“Em tempos de suspenses como Paranóia, refilmagem não assumida de Janela Indiscreta é claro o talento de Alfred Hitchcock em transformar um roteiro simples (jornalista preso em cadeira de rodas cria o hábito de espionar os vizinhos até que suspeita que um deles cometeu um assassinato), num eficiente suspense onde o clima de tensão é desenvolvido de forma crescente, observe como somente temos a narrativa dos fatos pelos olhos do jornalista L.B. Jeffries (carismático James Stewart), preso em seu apartamento. Hitchcock consegue criar um mosaico de situações através da janela do jornalista, um verdadeiro voyeur, quarenta anos antes da geração Big Brother” (Paulo Jr.).
5 A Marca da Maldade
(Touch of Evil, 1957)
Orson Welles
299 pontos
24 votos
1 pole
2 pódiuns
“Eu poderia falar dos enquadramentos perfeitos feitos obras de arte, quase quadros pintados num contínuo quadro a quadro. Eu poderia falar da minha falta de fôlego toda vez que revejo o plano-seqüência que abre tudo e revela tanto. Eu poderia falar da fotografia linda de morrer (e de matar – de tão noir) de Russell Metty ou da trilha tão deliciosa quanto invasora – aquela pianola é quase a melhor personagem do filme – de Henry Mancini. Ou falar então de um Welles perfeito como nunca dantes (sim, sou herege, eu sei), seja na direção, no roteiro ou na caracterização de um Quinlan ácido, seboso e digno de nossos mais absurdos sentimentos: da revolta à repulsa, da pena ao perdão, do enlevo à empatia. Mas não. São só dez linhas e só quero falar de uma coisinha: da alma deste filme perfeito, feito da perfeita dualidade entre emoção e razão, realçando a dualidade que jaz no coração de todos nós” (William Wilson).
6 Rastros de Ódio
(The Searchers, 1956)
John Ford
289 pontos
23 votos
2 poles
7 pódiuns
“Rastros de Ódio, muito provavelmente a obra máxima daquele que é
considerado o maior dos cineastas norte-americanos (que realmente merece tal
título), não é apenas um faroeste estrelado pelo mítico John Wayne (em sua
melhor performance) filmado no cenário favorito de John Ford, o Monument
Valley, como também é uma das mais comoventes histórias sobre solidão e
perda. O protagonista é Ethan Edwards, veterano da guerra, assumidamente
racista, obssessivo e psicótico; com este personagem, Ford contraria o
estereótipo que se criou em torno da figura do herói dos filmes western, nos
entregando um anti-herói cheio de fragilidades, que sofre ainda que tentando
não demonstrar tal sentimento. E, como se tudo isso não bastasse, Ford ainda
trata de nos entregar um dos planos finais mais belos e emblemáticos da
história do Cinema” (Rodrigo Pierre).
7 Onde Começa o Inferno
(Rio Bravo, 1959)
Howard Hawks
267 pontos
21 votos
3 poles
4 pódiuns
“Rio Bravo é um filme tão relaxado que a primeira vista é fácil subestimá-lo. A arte de Howard Hawks, e este filme talvez seja o exemplar mais perfeito dela, é como a de um engenheiro que trabalha na direção de enriquecer cada seqüência, de encarar cada pequeno momento do filme com a pergunta “o que eu posso fazer para tornar isso mais interessante para quem vê?”. O filme tem uma ótima trama central sobre um xerife (John Wayne) que tem que enfrentar um bando disposto a soltar um prisioneiro, se recusa a receber ajuda, mas a recebe do mesmo jeito, mas o que lembramos mesmo são as ótima seqüências como a abertura silenciosa, Angie Dickinson e Ricky Nelson intervindo pela primeira vez para ajudar Wayne, Nelson e Dean Martin fazendo um dueto na delegacia, ou o clímax. Mais do que um filme, Rio Bravo é aquele grande amigo que o cinéfilo gosta de visitar e novo e de novo” (Filipe Furtado).
8 Os Incompreendidos
(Les 400 Coups, 1959)
François Truffaut
258 pontos
22 votos
3 poles
7 pódiuns
“Personagem, ator e diretor fundindo-se numa mesma história, numa mesma vivência, um mar de experiências doloridas, porque o aprendizado só surge com os erros (alguns erram demais). Este filme pode ser precursor, pode ser um libelo da perda da inocência e ganhar uma infinidade de outros rótulos. Talvez sua maior riqueza seja o frescor, o pueril, essa especialíssima forma com que esse trio uníssono dialogava por possuir a mesma essência, nascidos da mesma raiz. Em cena temos Doinel, temos Leuád, temos Truffaut, temos nós mesmos por recordar e sofrer com as mazelas de nossa infância, com as dificuldades familiares e aquele conjunto de questionamentos e inseguranças que tanto vivenciamos como auto-afirmação, revolta, espírito aventureiro. Não estou aqui para falar das qualidades cinematográficas inquestionáveis porque esse filme tem alma e raras são as obras que conseguem ter alma. Essa é a diferença dos grandes filmes para um acontecimento sem igual como esse Os Incompreendidos. Meu sincero muito obrigado Truffaut!” (Michel Simões)
9 Hiroshima, Meu Amor
(Hiroshima, Mon Amour, 1959)
Alain Resnais
218 pontos
16 votos
2 poles
4 pódiuns
“Alain Resnais já tinha feito uma obra-prima sobre os horrores da guerra, impedindo que o assunto fosse esquecido numa noite de neblinas eterna. Era preciso, no seu primeiro longa-metragem, ir mais longe. 15 minutos de poesia documental (e horror) servem de prólogo para uma história de amor ameaçada por traumas antigos. Estreando também na ficção, Resnais usa com maestria um arsenal imagético à disposição, dos documentos sobre a destruição de Hiroshima ao cenário do bar “Casablanca” para o casal em crise. História mundial e pessoal cruzadas por marcas nos corpos dos dois amantes, mostrados através de uma poesia que o cinema tinha até então ensaiado, mas ainda não atingido. Um dos maiores filmes sobre a memória e seu mistérios – afinal, todos já sabemos que é preciso lembrar, mas relembrar é recriar e algo sempre é perdido nessa tradução. Não é à toa que Resnais iria forçar ainda mais os limites narrativos e questionar ainda mais a memória no seu próximo filme, O Ano Passado em Marienbad (Milton do Prado).
10 Morangos Silvestres
(Smultronstället, 1957)
Ingmar Bergman
194 pontos
20 votos
nenhuma pole
2 pódiuns
“E então, um dia, você acorda. E olha no espelho. E vê as marcas. E olha o relógio. E vê que horas passaram. E então, naquele momento, você descobre que você está velho. Você não ocupa mais um posto, você não tem mais uma função. Seus filhos têm vidas próprias, seu casamento foi o que você teve. E então você pensa: sobrou o quê? Aquele momento seria a celebração da sua vida inteira, de seus sucessos e fracassos, de sua história, de suas glórias e inglórias? Ou aquele momento seria o da consciência do encerramento, do alerta de um fim, da antecipação da despedida? Para Ingmar Bergman, é tudo e ainda mais. É a trajetória inteira de Victor Sjoström. Do personagem e do ator. Além de réquiem universal, Morangos Silvestres é o aplauso a um homem e a tudo o que o vento não deixou ele esquecer” (Chico Fireman).
11 A Palavra
(Ordet, 1955)
Carl Theodore Dreyer
193 pontos
15 votos
1 pole
3 pódiuns
“Quando o Chico me pediu para eu escrever um pequeno texto sobre A Palavra para o ranking dos anos 50, não pensei duas vezes e aceitei. Mal sabia eu o quão difícil seria essa tarefa pra mim. Tenho dificuldade de falar sobre os filmes de que eu mais gosto, os realmente especiais. Além do mais, A Palavra mexe com um tema tão delicado e passível de ser esnobado pelos mais céticos e cínicos – que é a fé – que às vezes uma palavra com a intenção de beneficiar o filme pode ter um efeito contrário. Por isso, fico com o lugar comum e digo que A Palavra é o melhor filme sobre a fé já realizado. E não importa muito se Borgen é ou não é Jesus Cristo. O importante é crer para que o desejo se materialize” (Ailton Monteiro).
12 Quanto Mais Quente Melhor
(Some Like it Hot, 1959)
Billy Wilder
169 pontos
15 votos
nenhuma pole
5 pódiuns
“Olhe para isso! Olhe como ela anda. Parece gelatina sobre molas. Deve ter algum tipo de motor embutido. Vou te contar, é um sexo totalmente diferente”. Quanto Mais Quente Melhor é um dos mais duradouros tesouros do cinema, um filme de inspiração e meticulosa confecção, um filme que não é nada mais do que sexo, embora simule ser sobre crimes e ganância, impregnado com o proverbial cinismo de Wilder. E que dádiva da natureza e que obra de arte é Marilyn Monroe…Assisti-la é como ver um striptease, no qual a nudez é totalmente dispensável. Capturar essa química não era tão simples. As extravagâncias e neuroses de Monroe durante as filmagens ficaram famosas, mas enfim…”ninguém é perfeito!”” (Marfil)
13 Glória Feita de Sangue
(Paths of Glory, 1957)
Stanley Kubrick
157 pontos
15 votos
nenhuma pole
1 pódium
“Muito provavelmente o melhor cineasta da história do cinema, Stanley Kubrick trafegou por gêneros variados, mas voltou, com alguma insistência, ao tema “guerra”, abordando-o frontalmente (Nascido Para Matar, este Glória Feita de Sangue) ou sob outros aspectos (Dr. Fantástico). Glória Feita de Sangue é a primeira obra-prima de uma carreira cheia delas. Antimilitarista ao extremo, o filme quebra ao meio toda e qualquer idéia de “honra” ligada ao campo de batalha e isso quase meio século antes dos filmes gêmeos de Clint Eastwood (A Conquista da Honra/Cartas de Iwo Jima), por exemplo. Explorando a devastação da guerra com seus travelling-assinatura, Kubrick conta uma história que, de tão absurda, só poderia mesmo se dar num cenário daqueles – no caso, a Primeira Guerra Mundial” (André de Leones).
14 No Silêncio da Noite
(In a Lonely Place, 1950)
Nicholas Ray
153 pontos
12 votos
2 poles
4 pódiuns
“Eu nasci quando ela me beijou, eu morri quando ela me deixou e vivi algumas semanas enquanto ela me amou. O diálogo criado pelo roteirista vivido por Humphrey Bogart resume a trama à perfeição. Ele conhece a personagem de Gloria Grahame e cria como não criava há tempos. Mas ela começa a ter dúvidas sobre o futuro dos dois, atormentada pela brutalidade dele e por um crime que, ironia, foi o responsável pelo surgimento do caso. Como diabos isso poderia terminar bem? Há poucos filmes com final tão duro como este. O amargor se acentua quando se sabe que Nicholas Ray, o diretor, terminou seu relacionamento com Gloria Grahame durante as filmagens. Steele, alter-ego do diretor, tenta se livrar da suspeita de assassinato utilizando uma lógica que assimilou ao escrever filmes policiais. Nicholas Ray, neste filme, também faz o que pode com as ferramentas que adquiriu como diretor: confunde sua vida com a ficção, criador com criatura, fazendo deste um tremendo romance noir que também é um corajoso e doloroso ritual de exorcismo em público” (Diego Maia).
15 O Sétimo Selo
(Det Sjunde Inseglet, 1957)
Ingmar Bergman
141 pontos
13 votos
nenhuma pole
3 pódiuns
“Um fidalgo retorna das Cruzadas e encontra seu país devastado pela Peste Negra. Ao se deparar frente a frente com a Morte, ele a desafia para uma partida de xadrez tendo mente conseguir tempo para solucionar suas dúvidas a respeito da espiritualidade humana, da fé e do silêncio divino. É interessante a forma em que, às vezes, o cinema apresenta uma alegoria de imagens poderosas, repleta de metáforas com tanta lucidez como no caso de O Sétimo Selo, uma das obras-primas do sueco Ingmar Bergman, que estrutura uma história introspectiva levantando questões e reflexões metafísicas discursando em temas universais, mas se contrapondo em situações muito simples e poéticas e, por isso, tão genial” (Ronald Perrone).
16 Noites de Cabíria
(Le Notti di Cabiria, 1957)
Federico Fellini
133 pontos
13 votos
1 pole
3 pódiuns
“Poucas linhas para falar de algo tão vasto: uma personagem-símbolo-noite-a-dentro. Começando pelo começo: Cabíria, de Giovanni Pastrone, uma preciosidade do cinema mudo italiano era uma das muitas fixações de Federico Fellini. Em 1952, o marido de Giulietta Masina realiza o belo Abismo de um Sonho, por sua vez escrito em parceria com Antonioni. Foi aí que Maria ‘Cabíria’ Ceccarelli nasceu pro cinema, numa rápida aparição, mas já com suas características tragicômicas bem marcadas. Em Noites de Cabíria, de 1957, a personagem ganha um filme inteiro e protagoniza algumas das cenas mais brilhantes da carreira de Fellini, e aqui não precisamos recorrer aos clichês de sempre, que remetem ao clown, ao mito da prostituta ingênua ou à eterna criança. O que fica é aquele sorriso final que brota em meio ao caos, ao som de Nino Rota, que pra sempre entrou na nossa vida como sentimento” (Guilherme Lamenha).
17 O Batedor de Carteiras
(Pickpocket, 1959)
Robert Bresson
127 pontos
10 votos
nenhuma pole
2 pódiuns
“Pickpocket, talvez o filme mais típico de Bresson, é sobre Michel, sujeito que por convicção decide ser batedor de carteiras, se afastando da família, dos amigos e da lei. Inspirado nas reflexões de Crime e Castigo, a trajetória de Michel vai da tentativa de independência moral (pela idéia arrogante de que um indivíduo extraordinário pode fazer o que quiser na sociedade) à sua redenção a Deus. Para ele, essa redenção surge por Jeanne, que indo ao seu encontro, lhe proporciona um momento de epifania. De alguma maneira, através das idéias do cinematógrafo (do estilo conciso e rigoroso de Bresson), é a mesma coisa que sentimos ao assistir a este filme” (Lucian Chaussard).
18 Intriga Internacional
(North by Northwest, 1959)
Alfred Hitchcock
117 pontos
10 votos
1 pole
2 pódiuns
“É impossível economizar nos adjetivos quando se fala de Alfred Hitchcock. Sua contribuição para a cinematografia do século passado é tão preciosa que não há como pensar no cinema como arte e não se referir ao nome do mestre inglês. Intriga Internacional, seu último filme na década de 50, sintetiza visualmente todas as marcas presentes em sua obra e trata das íntimas obsessões do cineasta com uma elegância raras vezes encontrada no cinema do gênero. É de se espantar o domínio do instrumento que Hitchcock possui ao construir sucessivas situações de suspense com diálogos de alta sofisticação, emulando um sarcasmo irresistível e definindo um modo de filmar que une diversão, técnica e conteúdo num só pacote. Obra-prima indiscutível do cinema, dez linhas são incapazes de traduzir toda a catarse provocada por cada seqüência, um filme para se ver sempre e por toda a vida” (Samuel L.).
19 Os Esquecidos
(Los Olvidados, 1950)
Luis Buñuel
110 pontos
12 votos
nenhuma pole
nenhum pódium
“Ao se falar em Luis Buñuel, normalmente lembra-se do surrealismo com que a maioria de suas obras são compostas – metáforas, devaneios, loucura, várias faces compondo críticas à burguesia feitas de forma nada convencional. Porém, houve uma fase em sua carreira na qual ele foi praticamente um neo-realista, expondo vidas duras em um grau extremo de verdade. Os Esquecidos é o principal filme dessa fase, e um dos principais do cineasta espanhol. A pobreza, a falta de perspectivas de uma juventude totalmente perdida são mostradas de uma forma muito dura e seca por Buñuel, que mesmo se afastando de seu estilo principal, não deixou de perder a principal linha do que sempre quis fazer – a crítica social” (Carlos Massari)
20 Rashomon
(Rashômon, 1950)
Akira Kurosawa
103 pontos
11 votos
nenhuma pole
1 pódium
“Três personagens em meio a uma tórrida chuva se encontram e dois deles resolvem contar sobre um incrível julgamento que acabaram de presenciar. Rashomon é um filme todo contado através em flashbacks. Flashbacks dentro de flashbacks contam versões diferentes de uma mesma história. O que foi dito no julgamento nos é mostrado em imagens. Em imagens, verdades distintas sobre um mesmo fato. A primeira grande obra-prima de Kurosawa” (Christopher Faust Pereira).
18 terça-feira set 2007
Posted Ranking décadas
in21 Johnny Guitar (Nicholas Ray, 1955)
96 pontos – 11 votos – nenhuma pole – nenhum pódium
22 Contos da Lua Vaga Depois da Chuva (Kenji Mizoguchi, 1953)
95 pontos – 9 votos – nenhuma pole – 1 pódium
23 Era uma Vez em Tóquio (Yasujiro Ozu, 1953)
92 pontos – 9 pontos – nenhuma pole – 1 pódium
24 Viagem à Itália (Roberto Rossellini, 1954)
90 pontos – 8 votos – 1 pole – 2 pódiuns
25 A Malvada (Joseph l. Mankiewicz, 1950)
84 pontos – 8 votos – nenhuma pole – nenhum pódium
26 Sindicato de Ladrões (Elia Kazan, 1954)
82 pontos – 8 votos – nenhuma pole – nenhum podium
27 Juventude Transviada (Nicholas Ray, 1955)
75 pontos – 8 votos – 1 pole – 1 pódium
28 Vidas Amargas (Elia Kazan, 1955)
74 pontos – 6 votos – 1 pole – 1 pódium
29 Doze Homens e uma Sentença (Sidney Lumet, 1957)
67 pontos – 9 votos – nenhuma pole – 1 pódium
30 Os Sete Samurais (Akira Kurosawa, 1954)
62 pontos – 5 votos – nenhuma pole – 1 pódium
31 O Homem Errado (Alfred Hitchcocok, 1956)
66 pontos – 7 votos – nenhuma pole – nenhum pódium
32 Pacto Sinistro (Alfred Hitchcock, 1951)
60 pontos – 5 votos – nenhuma pole – nenhum pódium
33 Meu Tio (Jacques Tati, 1958)
56 pontos – 9 votos – nenhuma pole – nenhum pódium
34 A Montanha dos Sete Abutres (Billy Wilder, 1951)
53 pontos – 7 votos – nenhuma pole – nenhum pódium
35 Uma Rua Chamada Pecado (Elia Kazan, 1951)
53 pontos – 6 votos – 1 pole – 1 pódium
36 O Mensageiro do Diabo (Charles Laughton, 1955)
52 pontos – 5 votos – nenhuma pole – 1 pódium
37 Umberto D. (Vittorio De Sica, 1952)
47 pontos – 5 votos – 1 pole – 1 pódium
38 O Intendente Sansho (Kenji Mizoguchi, 1954)
44 pontos – 3 votos – nenhuma pole – nenhum pódium
39 A Morte num Beijo (Robert Aldrich, 1955)
43 pontos – 6 votos – nenhuma pole – nenhum pódium
40 Francisco, Arauto de Deus (Roberto Rossellini, 1950)
43 pontos – 4 votos – nenhuma pole – nenhum pódium
41 Luzes da Ribalta (Charles Chaplin, 1952)
42 pontos – 6 votos – nenhuma pole – nenhum pódium
42 As Férias do Sr. Hulot (Jacques Tati, 1953)
40 pontos – 6 votos – nenhuma pole – nenhum pódium
43 Testemunha de Acusação (Billy Wilder, 1957)
38 pontos – 4 votos – nenhuma pole – nenhum pódium
44 Um Condenado à Morte Escapou (Robert Bresson, 1956)
37 pontos – 4 votos – nenhuma pole – nenhum pódium
45 O Alucinado (Luis Buñuel, 1953)
33 pontos – 3 votos – nenhuma pole – nenhum pódium
46 Eu, um Negro (Jean Rouch, 1958)
32 pontos – 3 votos – nenhuma pole – nenhum pódium
47 Ben-Hur (William Wyler, 1959)
32 pontos – 2 votos – 1 pole – 1 pódium
48 Bom Dia (Yasujiro Ozu, 1959)
29 pontos – 4 votos
49 O Incrível Homem que Encolheu (Jack Arnold, 1957)
29 pontos – 2 votos – 1 pole
50 O Salário do Medo (Henri-Georges Clouzot, 1953)
29 pontos – 2 votos
50 Ensaio de um Crime (Luis Buñuel, 1955)
29 pontos – 2 votos